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Helena Durães
Maio 2, 2020
O Mundo em HD
Numa Tarde de Verão
As janelas estão abertas. Hoje, o sol apareceu e eu gosto que a luz entre pela casa. O tempo está mais quente, o que também é agradável. Ultimamente, não tenho tido vontade de ter a televisão ligada, apesar do tempo que tenho passado em casa, muito mais do que o usual. No entanto, também nos últimos dias, tenho sentido a necessidade de ter algum ruído à minha volta, nem que seja baixinho. Entro na cozinha e ligo a televisão e nem mudo de canal. Estamos no início da tarde, está a dar um daqueles programas de entrevistas a pessoas conhecidas.
Cumprindo a rotina de deixar tudo arrumado, começo a lavar a loiça, ao mesmo tempo que o cortinado dança, quase ao meu lado, pelo movimento da leve brisa que se faz sentir. O sol que entra pela janela, a tranquilidade que vem da rua, sem grandes barulhos, apesar de estar na cidade, transporta-me para aquele local onde me sinto em paz. Regresso àquele sítio que para mim é a minha verdadeira casa.
Paro o que estou a fazer. No espaço de um momento, estou sentada à volta da mesa da cozinha, a ouvir atentamente mais uma história da minha tia, enquanto a luz entra pela porta da cozinha. Os cães não ladram, é verão, está uma tarde de calor e até os animais querem estar à sombra, a descansar. Olho para a minha madrinha que me sorri e acena, como que a compreender tudo o que estou a pensar. Desvio o meu olhar para o meu primo que me pisca o olho e me sorri, naquela comunicação silenciosa que desenvolvemos ao longo dos anos e com a qual nos entendemos sem palavras.
Encosto-me na cadeira. O barulho da televisão está em segundo plano, não sei bem do que se trata. Provavelmente, será algum programa da tarde sem grande interesse. Até porque toda a minha atenção volta a estar na história que a minha tia conta.
Cada um dá a sua opinião, enquanto terminamos de beber o café, apanágio desta casa. Talvez o meu gosto pelo café também se compreenda porque faz parte desta rotina quando aqui estou. O almoço foi bem composto, como é sempre, o vinho soube-me que nem ginjas e agora o café cai-me no estômago, como a melhor coisa que poderia existir para encerrar mais uma refeição.
Quase sem dar por ela, sinto algo ao meu lado. Levo o meu olhar até às minhas pernas. Claro, o cão mais caseiro que alguma vez conheci está de regresso depois da volta que foi dar lá fora. Faço-lhe uma festinha e logo de seguida sinto as suas patinhas na minha perna. O cãozito empoleirou-se na minha perna e todos sorriem. Entretenho-me a fazer-lhe mais umas festinhas enquanto a minha tia retoma a sua história.
Finalmente, oiço ladrar e todos nós olhamos lá para fora. Será que a cadela sentiu que alguém vinha aí? Ou está apenas a dar sinal de vida. A bonita cadela está à entrada do portão da casa, como sempre aconteceu. Deitada, na sombra que conseguiu encontrar, tem a cabeça levantada como se estivesse em situação de alerta. Naquele segundo em que todas as atenções estão nela, vemos como ela volta a colocar o seu focinho entre as patas, vagarosamente, tal como o tempo o exige.
Há qualquer coisa nestas tardes de verão que me fazem sentir que não há nada igual a isto. Como se fizéssemos todos parte de uma pintura, com as suas cores quentes e os diferentes tons de verde dos campos que se perdem de vista. Apesar de ter sempre a sensação de que de alguma maneira o tempo aqui para, sei bem que não é assim. Até porque ele passa sempre demasiado rápido, será sempre assim enquanto a vida for desta forma: chegar e partir do único local onde consigo sentir que, realmente, estou em casa.
O barulho de um carro a pegar volta a colocar-me na cozinha do apartamento onde estou. Sorrio, enquanto sinto como as saudades preenchem todo o meu coração. Como queria poder lá estar, novamente, e sentir aquela harmonia que não encontro em mais lado algum. Em tempos conturbados e tão incertos, como me faz falta sentir que há coisas que nunca mudam. Que há sítios que sempre vão lá estar, independentemente de tudo. E este é e será sempre esse sítio, esse sítio onde poderei sempre regressar porque ele estará sempre lá, na sua simplicidade, na sua beleza e tranquilidade, de braços abertos para me receber.